8. novembro, 2015|Patologias|Comentários desativados em ONCOLOGIA VETERINÁRIA

DEFINIÇÃO

Oncologia é um ramo da medicina que estuda os tumores.

Tem origem da palavra grega ONKOS (onco) que significa massa, volume, tumor e do termo LOGIA que significa estudo. Por tanto oncologia é o estudo dos tumores.

 

PRINCÍPIO DE TRATAMENTO DO CÂNCER

 

  • CONSIDERAÇÕES GERAIS

Até duas a três décadas atrás a cirurgia era a principal ação no tratamento de câncer em animais de estimação. Hoje os tumores não ressecáveis ou mestatáticas podem ser tratadas com graus variados de sucesso utilizando-se varias modalidades como: cirurgia; radioterapia; quimioterapia; imunoterapia; hipertermia; crioterapia; fototerapia; fotoquimioterapia; termoquimioterapia; e alternativos.

Quando se avalia um cão ou gato com tumor, o clínico deve ter em mente que na maioria dos casos os proprietários escolhem o tratamento, se lhes for dada tal opção. Apesar da eutanásia ser uma alternativa ao tratamento, todo esforço deve ser feito para investigar outras opções de tratamento.

Dependendo do tipo de tumor, do comportamento biológico, e do estágio clínico, o clínico recomenda uma ou mais das opções de tratamento. Além dos fatores relacionados ao tumor, outros fatores influenciam a melhor opção de tratamento: fatores relacionados ao paciente; fatores relacionados ao proprietário; fatores relacionados ao tratamento.

 

FATORES RELACIONADOS AO PACIENTE:

Devemos sempre lembrar que o melhor tratamento para um tumor, não constitui o melhor tratamento para um paciente em particular ou o melhor tratamento do ponto de vista do proprietário. O fator mais importante relacionado ao animal é sua saúde geral e seu estado de atividade ou de desempenho. Por exemplo um paciente com atividade acentuadamente diminuída e sinais constitucionais graves (mau estado de desempenho)não pode ser um bom candidato a quimioterapia agressiva ou a anestesias repetidas para a radioterapia. A idade, não é um fator que deve ser levado em consideração quando da discussão com o proprietário com relação à terapia, pois um cão de 14 anos com excelente saúde é melhor candidato que um de 9 anos com insuficiência renal crônica. Os fatores relacionados ao paciente devem ser verificados antes de se instituir o tratamento específico do câncer (por exemplo: corrigir azotemia e melhora do estado nutricional com hiper alimentação enteral).

 

FATORES RELACIONADOS AO PROPRIETÁRIO  

A ligação proprietário animal é tão importante que quase sempre, dita o tipo de tratamento a ser utilizado. Por exemplo, os proprietários podem ficar tão apreensivos com a quimioterapia que podem recusar-se a tratar seu animal; portanto, é possível que o melhor tratamento não possa ser utilizado nesse paciente. O clínico deve estar sempre disponível para esclarecer as dúvidas do proprietário e guiá-lo nos momentos difíceis. Todas as opções de tratamento devem ser discutidas com o proprietário, enfatizando os prós e os contras de cada modalidade (efeitos benéficos; efeitos colaterais e sem tratamento). O clínico deve esclarecer o que acontecerá ou deveria acontecer durante o tratamento.

Outro fator que deve ser discutido com o proprietário diz respeito às finanças. Em geral, o tratamento de um animal com malignidade disseminada ou metastática é caro segundo o julgamento da maioria dos clínicos, mas são os proprietários que devem determinar se realmente é caro.

 

FATORES RELACIONADOS AO TRATAMENTO

Diversos fatores relacionados ao tratamento são importantes quando se planeja o tratamento do câncer. A indicação de diferentes modalidades de tratamento deve ser considerada. A cirurgia, radioterapia e hipertermia são tipos de tratamento destinados a erradicar um tumor localmente invasivo com baixo poder metastático, apesar de poderem ser usadas paliativamente em pacientes com doença extensa ou com metástase. Ao contrário a quimioterapia não constitui uma abordagem curativa (com exceção de cães com tumores venéreos transmissíveis tratados com Vincristina). A imunoterapia também constitui uma abordagem adjuvante ou paliativa. Em geral, é melhor usar um tratamento agressivo quando o tumor é inicialmente detectado (pois esta é a fase em que as possibilidades de erradicar cada uma das células tumorais são maiores) do que esperar até que o tumor esteja num estágio avançado.

Na maioria dos casos os maiores sucessos de tratamento são obtidos com a combinação de duas ou mais modalidades. Por exemplo, a combinação de cirurgia e quimioterapia (com ou sem imunoterapia) resultou em prolongamento significativo da sobrevida da doença em cães com osteossarcoma e hemangiossarcoma. Da mesma forma, a combinação de radioterapia com hipertermia resultou em prolongamento da sobrevida da doença em cães com fibrossarcoma da orofaringe.

As combinações e os efeitos colaterais das diferentes modalidades de tratamento também constituem fatores relacionados ao tratamento a se considerar no planejamento da terapia. A qualidade da vida deve ser mantida ou melhorada durante o tratamento do câncer. Isto é prioridade no C.M. LIFE VET.

O tratamento do câncer pode ser paliativo ou curativo (tratamento inicialmente conhecido como paliativo pode resultar em cura e vice-versa). Todo esforço deve ser feito no diagnóstico para erradicar toda e qualquer célula cancerosa do organismo (obter a cura). Com muito poucas exceções, as malignidades não regridem espontaneamente. Portanto, a demora no tratamento de um paciente com malignidade confirmada significa aumentar a probabilidade de que o tumor se dissemine local ou sistemicamente, diminuindo assim a possibilidade de cura.

Se a cura não puder ser obtida, os dois principais objetivos do tratamento serão a indução da remissão (diminuição da massa tumoral) e a boa qualidade de vida. Os tumores devem ser medidos antes e durante o tratamento. A qualidade de vida é muito importante na oncologia de pequenos animais. Em uma pesquisa com proprietários sobre a qualidade de vida de animais que receberam quimioterapia para malignidade não – ressecáveis ou metastáticas, mais de 80% responderam que a qualidade de vida de seus animais foi mantida ou melhorou durante o tratamento. Se a boa qualidade de vida não puder ser mantida, o tratamento deve ser modificado ou suspenso.

Tratamentos paliativos também são muito aceitáveis para pequenos animais com câncer.

A maioria dos cães e gatos com câncer é tratada por uma abordagem de equipe. Essa equipe inclui o animal, o proprietário, o oncologista clínico, o enfermeiro oncologista, o cirurgião oncologista, o radioterapeuta, o patologista clínico e o patologista. A interação entre os membros da equipe resulta em benefícios acentuados para o animal e seu proprietário. (Nelson-Couto)